Lembra-se daquela primeira vez que adentrou o mundo mágico do cinema? A experiência foi cativante, emocionante! Em Belo Horizonte, nossas memórias da sétima arte ecoam por cada esquina, seja no centro da cidade ou nos bairros, embora a maioria destes “templos” esteja agora enclausurada em shoppings. Muitos desses locais se entrelaçam com nossas histórias pessoais: o primeiro filme assistido, as risadas compartilhadas com amigos, a tensão do suspense ao lado de um amor. São momentos que gravam-se eternamente em nossa jornada.

Neste “Pensando BH”, proponho que fortaleçamos nossa indústria cinematográfica, que, embora não tão proeminente como no Rio ou São Paulo, tem potencial inegável. Nossa cidade é um caldeirão cultural efervescente, com rica diversidade, já abrigando produções cinematográficas e servindo de palco para festivais e espaços de diálogo sobre o cinema.

Belo Horizonte orgulhosamente sedia importantes festivais de cinema, como o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (FestCurtasBH) e o CineBH – Festival Internacional de Cinema e o Mercado, elo entre profissionais da indústria. Esses eventos impulsionam a produção cinematográfica local e internacional, além de criar oportunidades de rede e crescimento profissional.

Inúmeras produções independentes e curtas-metragens têm florescido em Belo Horizonte, fomentando criatividade e inovação no setor. Ademais, a cidade é casa de cineclubes, cinemas de arte e espaços culturais que exibem variados filmes, nacionais e estrangeiros, contribuindo para formar público e espalhar a essência da cultura cinematográfica.

A tela gigante nos teletransporta a realidades alternativas, conectando-nos de modo íntimo a personagens e tramas. A antecipação gerada por trailers e trilhas sonoras nos prepara para a jornada imersiva, onde choramos, rimos e celebramos com protagonistas fictícios. O cinema nos fornece um refúgio, uma fuga das agruras da realidade, mergulhando-nos nas emoções da narrativa. Após os créditos finais, a discussão fervorosa e as lembranças emocionais continuam a reverberar, transformando cada ida ao cinema em um tesouro para explorar, sentir e compartilhar momentos únicos.

Na era das plataformas digitais, cada lar pode se transformar em um cinema, um fenômeno curioso, visto que a primeira exibição de filmes na cidade aconteceu numa casa em 1898, apenas um ano após sua fundação. No ano seguinte, 1899, as sessões migraram para o Teatro Soucasseux (depois Teatro Municipal, Cine Metrópole e agora agência bancária), improvisado num galpão da Comissão Construtora da Capital.

Minha visão para nossa cidade engloba incentivos para a criação desde fundos de financiamento até de estúdios e infraestrutura. Capacitação e formação estarão no cerne, assim como promoção internacional e festivais cinematográficos, todos apoiados por parcerias público-privadas.

Vamos juntos trazer à luz o brilho da indústria cinematográfica de Belo Horizonte!

A seguir relacionamos os cinemas que passaram (ou ainda passam) por BH e por nossas vidas, qual era o seu preferido?

Cine Art Palácio 

Rua Curitiba, 601, Centro. 1,2 mil lugares. Fechado em 5 de janeiro de 1992. Hoje funciona no local uma loja de eletrodomésticos.

Cine Alvorada 

Avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigência. 1,6 mil lugares. Fechado em 31 de agosto de 1983. Já funcionou como uma casa noturna, a Music Hall. 

Cine Acaiaca 

Avenida Afonso Pena, 867, Centro. 818 lugares. Hoje funciona no local a Igreja da Graça de Deus. Muitos cinemas tiveram esta destinação, de “templo” da sétima arte, para templo de Deus!

Cine Amazonas

Av. Amazonas, 3.583, Barroca . 1,2 mil lugares . Fechado em 29 de junho de 1983. Primeira tela Superama 70 mm de Minas. Hoje funciona no local a Igreja Batista da Barroca.

Cine Avenida

Av. Afonso Pena

Cine Belas Artes

Inaugurado em 1970, o Cine Belas Artes era conhecido por exibir filmes cult e alternativos, tornando-se um ponto de encontro para cinéfilos.

Cine Brasil

Inaugurado em 1932, o Cine Theatro Brasil se tornou um dos cinemas mais emblemáticos de Belo Horizonte, oferecendo uma experiência de entretenimento completa com exibições de filmes, apresentações teatrais e musicais.

Cine Candelária

Praça Raul Soares, 315, Barro Preto . 2 mil lugares . Fechado em 2000 . Funcionou no local um estacionamento, hoje está interditado 

Cine Eldorado 

Rua Platina, 1.467, Prado . 828 lugares . Fechado em 1980 . Hoje funciona no local uma oficina mecânica 

Cine Floresta

Avenida do Contorno, 1.665, Floresta . 1,4 mil lugares . Fechado em 3 de março de 1980 . Hoje funciona no local lojas e a Igreja Pentecostal

Cine Theatro Glória

Um dos cinemas pioneiros de BH. Ficava na Avenida Afonso Pena, entre a Praça Sete e a Rua Tamoios, no Centro. Na porta, vendiam-se buquês de amor-perfeito. Fechou em 21 agosto de 1957. 

Cine Guarani

Rua da Bahia, 1.189, Centro. Inaugurado em 1913, o Cine Guarani foi outro cinema importante da cidade, contribuindo para a expansão da cultura cinematográfica em BH. Fechado em 31 de março de 1980 . Foi restaurado e no local funciona hoje o Museu Inimá de Paula

Cine Horto 

Rua Pitangui, 3.612, Horto. 1,1 mil lugares . Fechado nos anos 1970 . Hoje é sede do Grupo Galpão.

Cine Independência

Avenida Silviano Brandão, 2.453, Horto . 1,3 mil lugares . Fechado em 31 de agosto de 1983 . Prédio demolido.

Cine Jacques 

Rua Tupis, 317, Centro . 1,8 mil lugares . Foi demolido para a construção do Shopping Cidade »

Cine Metrópole

Inaugurado em 1952, o Cine Metrópole foi um dos primeiros cinemas da cidade a exibir filmes em cinemascope, um formato widescreen.

Neste local funcionou o Teatro Soucasseux (não localizamos fotos), depois o Teatro Municipal, depois o Metrópole e hoje temos uma agência bancaria.

Cine México

Rua Oiapoque, 194, Centro . 1,1 mil lugares . Fechado na década de 1990 . Hoje funciona no local um estacionamento.

Cine Nazareth

Rua Guajajaras, 41, Centro . 846 lugares . Fechado em 31 de janeiro de 1994 . Foi a única sala de BH com Cinemascope.

Odeon Cinema

Rua da Bahia, 870. Demolido.

O poema de Carlos Drummond de Andrade sobre o fechamento do cinema:

“O Fim das Coisas”

Fechado o Cinema Odeon, na Rua da Bahia.
Fechado para sempre.
Não é possível, minha mocidade
fecha com ele um pouco.
Não amadureci ainda bastante
para aceitar a morte das coisas
que minhas coisas são, sendo de outrem,
e até aplaudi-la, quando for o caso.
(Amadurecerei um dia?)
Não aceito, por enquanto, o Cinema Glória,
maior, mais americano, mais isso e aquilo.
Quero é o derrotado Cinema Odeon,
o miúdo, fora-de-moda Cinema Odeon.
A espera na sala de espera. A matinê
com Buck Jones, tombos, tiros, tramas.
A primeira sessão e a segunda sessão da noite.
A divina orquestra, mesmo não divina,
costumeira. O jornal da Fox. William S. Hart.
As meninas-de-família na plateia.
A impossível (sonhada) bolinação,
pobre sátiro em potencial.
Exijo em nome da lei ou fora da lei
que se reabram as portas e volte o passado
musical, waldemarpissilândico, sublime agora
que para sempre submerge em funeral de sombras
neste primeiro lutulento de janeiro
de 1928.

Cine Odeon

Avenida do Contorno, 1.328, Floresta . 1,2 mil lugares . Fechado em 16 de dezembro de 1999. Houve uma tentativa em 2022 de transformar o local em um HUB, sem sucesso.

Cine Palladium

Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. 1,3 mil lugares. Fechou em setembro de 1999. Transformado no espaço multifuncional Sesc Palladium

Cine Pathé

A sala de cinema que fez história em BH teve dois endereços. Aberta em 1920, funcionou durante 13 anos na Av. Afonso Pena, 759, no Centro (foto). Em 1948, o novo Pathé foi aberto na Av. Cristovão Colombo, 1.328, Savassi. 750 lugares. O Cine Pathé era conhecido por suas sessões matinais voltadas para crianças, exibindo filmes de comédia e aventura. Fechado em 18 de abril de 1999.

Cine Pax

Rua Coronel Alvez, 171, Cachoeirinha . 300 lugares . Sendo reformado pela Igreja Nossa Senhora da Paz.

Cine Progresso 

Rua Padre Eustáquio, 2.545 . 1,4 mil lugares . Fechado em 23 de fevereiro de 1980.

Cine Regina 

Rua da Bahia, 484, Centro . Hoje funciona como local de exibição de filmes pornográficos . Tela de cinema desativada, usa projetores de vídeo

Cine Rosario

Rua Jacuí.

Cine Roxy 

Avenida Augusto de Lima, 1.213, Barro Preto . 700 lugares. Antes chamava “Cine Democrata”. Fechado em 1995 . Hoje funciona no local a galeria de lojas Feirashop.

Cine Royal 

Avenida Afonso Pena, 381, Centro . 1,2 mil lugares .Inaugurado em 1918, o Cine Royal se destacou por suas exibições de filmes estrangeiros e locais. Funciona hoje no local templo da Igreja Universal 

Cine Santa Efigênia 

Rua Álvares Maciel, 312 . 980 lugares . Fechado em 22 de fevereiro de 1981 . Funcionou no local a casa noturna Lapa Multishow. Imóvel atualmente fechado.

Cine Santa Tereza 

Praça Duque de Caxias, 39 . 1,1 mil lugares . Fechado em 12 de fevereiro de 1980 . Usado eventualmente para eventos culturais.

Cine São Carlos

Rua Padre Eustáquio, 75, Padre Eustáquio . 780 lugares . Fechado em 9 de fevereiro de 1980 . Hoje funciona no local uma gráfica »

Cine São Cristovão

O Cine São Cristovão localizava-se na avenida Antônio Carlos, próximo do Conjunto IAPI. Deixou de ser cinema (logo no início da década de oitenta) e se tornou Igreja Evangélica. Foi demolido para a duplicação da Avenida Antônio Carlos.  Essa foto foi feita pouco antes da sua demolição.

Cine São Geraldo

Avenida do Contorno, Lagoinha.

Cine São José 

Rua Platina, 1.827, Prado . 780 lugares .Foi inaugurado em 1942 e fechado em 14 de fevereiro de 1980 . Hoje funciona no local um teatro.

Cine Tamoio 

Rua Tamoios, 502, Centro . 710 lugares . Fechado na década de 1990 . Hoje funciona no local uma loja de roupas 

4 respostas

  1. Gente tem cinema que nem sabia que existia. Mas os preferidos em ordem mais saudosos: Metrópole, Palladium e Pathe. Quantos filmes bons, Nasce uma Estrela com Bárbara Streisand, o primeiro Guerra nas Estrelas, o primeiro Indiana Jones, Excalibur… uma lista enorme. Pelo menos Cine Brasil e Palladium foram preservados.

  2. Bons tempos do cinema de rua, saudades! Tive a oportunidade de assistir a filmes inesquecíveis em vários destes cinemas. Alguns já não existiam na minha época, mas pude usufruir de bons momentos em muitos deles. Meu preferido sempre foi o Cine Pathé. Atualmente o Belas Artes, único sobrevivente, e a melhor opção de cinema

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.