As eleições no sistema CONFEA/CREA estão longe de ser um processo equilibrado. É preciso observar com atenção a intricada rede de possíveis acordos e interesses que permeiam esse cenário. Na trama, temos um presidente do CREA-MG que inicialmente ambicionava a presidência do CONFEA. No entanto, ele abriu mão em favor de outro presidente, desta vez do CREA-SP, que, por sua vez, também almejava a presidência do CONFEA. Desconhecemos os termos deste apoio, mas pelo que temos assistido nos últimos tempos eles são selados com a utilização de assessorias e isso poderá ou não ser confirmado com o tempo caso sejam vencedores.

Mas as maquinações não param por aí. O presidente do CREA-MG decidiu lançar seu próprio assessor como candidato, contando com o apoio de um ex-presidente do CREA-MG.

Enquanto isso, um grupo de “dissidentes”, composto por 3 ex-presidentes do CREA-MG, lançou seu próprio candidato – um deles mesmo, um ex-presidente que já havia ocupado o cargo por duas vezes. Para tornar a situação ainda mais complexa um destes ex-presidente apoiador da candidatura “dissidente” tem um sócio que se apresentou para concorrer ao CONFEA sendo que ao mesmo tempo era assessor do atual presidente do CREA-MG, criando assim uma teia de relações interconectadas.

O que se sabe é que todos esses ex-presidentes têm laços entre si, sendo uns assessores dos outros. O lançamento das duas campanhas, que seriam antagônicas, ocorreu no mesmo local, com apenas uma semana de diferença, evidenciando o que já se imaginava: largar o osso é difícil!

Além disso, observamos que essa turma que domina o CREA-MG há décadas está ligada a esquerda, mas preocupada em fazer política partidária, em um órgão que deveria fazer política de classe. O que surpreende ainda mais é o vira-casaca de um dos envolvidos, que agora se autodeclara de direita, buscando apoio de figuras como Nikolas, Bolsonaro e Cleitinho.

Tudo isso levanta a questão: por que essa turma insiste em não largar o osso? Vale lembrar que o cargo de presidente é honorífico, não sendo remunerado. No entanto, a criatividade dessa turma parece não ter limites.

Os dados do portal transparência com valores de diárias do CREA-MG, (clique aqui para saber como obte-los):

O candidato do atual presidente já recebeu mais de R$ 105 mil do CREA-MG somente este ano em diárias e outras despesas reembolsaveis (quase R$ 300 mil desde 2014), enquanto o próprio presidente embolsou mais de R$ 70 mil, também em diárias em 2023. Este mesmo candidato recebeu em salários R$ 1,249 milhão entre 2018 e 2023, também com dados do Portal de Transparência.

Já o candidato dissidente do grupo que domina o CREA-MG a decádas recebeu R$ 19.923,82 desde 2014 e o candidato que se diz de direita ao CONFEA e que já aparece em propaganda conjunta com o dissidente, R$ 55.165,31. Este último recebeu ainda em salários de assessoramento R$ 857 mil entre 2015 e 2022!

Se queremos algo diferente, precisamos votar diferente.

Rodrigo Paiva para presidente do CREA-MG.

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