O desafio global relacionado ao uso de drogas é uma preocupação que transcende indivíduos, comunidades e sociedades. Ao longo do tempo, diversas abordagens foram adotadas em relação à legalização ou proibição das substâncias psicoativas, gerando resultados diversos.
Algumas nações, como Portugal, optaram por políticas progressistas, implementando a descriminalização do uso pessoal de drogas em 2001. Essa abordagem visa tratar o vício como uma questão de saúde pública, resultando na redução das taxas de overdose e transmissão de doenças associadas ao uso de drogas. Em contrapartida, os Estados Unidos mantêm uma postura rigorosa, especialmente em relação a drogas ilícitas como a maconha. No entanto, alguns estados e cidades americanos desafiam essa abordagem, legalizando o uso recreativo ou medicinal da maconha. O Colorado, por exemplo, tem experimentado benefícios econômicos e sociais com essa mudança, incluindo a redução das taxas de encarceramento relacionadas à posse da substância. Por outro lado, San Francisco enfrenta desafios significativos com uma política mais liberal, como destacado em uma matéria recente do NYT.
Além disso, é crucial considerar os desafios enfrentados por países que mantêm políticas mais restritivas, especialmente na América Latina, onde a produção e tráfico de drogas ilícitas geram altos índices de violência relacionada ao narcotráfico. A Colômbia, por exemplo, vivenciou décadas de conflitos e instabilidade associados ao tráfico de drogas.
O Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do UNODC destaca a convergência de crises globais impulsionadas pelo aumento no uso de drogas injetáveis, especialmente entre pessoas deslocadas por crises humanitárias. Com mais de 296 milhões de pessoas consumindo drogas em 2021, um aumento de 23% em relação à década anterior, há uma escalada nos transtornos associados ao uso de drogas, atingindo 39,5 milhões, um aumento de 45% em 10 anos. O tráfico de drogas intensifica essas crises, contribuindo para crimes e acelerando a degradação ambiental na bacia amazônica. A lacuna no tratamento para transtornos relacionados ao uso de drogas continua a ser um desafio global, com disparidades no acesso ao tratamento entre diferentes regiões do mundo, especialmente entre áreas urbanas e rurais.
A situação em Belo Horizonte evidencia que o tráfico de drogas é um dos principais atos infracionais cometidos por adolescentes, com ligações entre o consumo de crack e o aumento dos índices de violência. Uma pesquisa realizada em 2016 pela UFMG revela dados sobre o consumo de drogas na cidade, destacando a preocupação com o álcool, drogas sintéticas e alucinógenos.
A matéria recente do NYT compara as abordagens de San Francisco e Portugal, enfatizando a crise de drogas na primeira, que enfrenta um aumento nas mortes por overdose e uso público generalizado. Portugal, que descriminalizou todas as drogas há mais de duas décadas, experimenta uma redução nos problemas relacionados às drogas. A análise abrange cinco aspectos: descriminalização, tratamento para viciados, redução de danos, atitudes pessoais em relação às drogas e uma estratégia abrangente.
Ambos os lugares enfrentam desafios, mas a abordagem holística de Portugal tem mantido as mortes relacionadas a drogas em níveis significativamente mais baixos do que na década de 1990. San Francisco, por outro lado, lida com uma crise crescente, destacando a necessidade de uma estratégia mais coordenada e abrangente para combater o problema das drogas. Fica evidente que a descriminalização por si só não resolve o problema, sendo essencial uma cultura anti-droga com divulgação maciça dos efeitos danosos do uso dessas substâncias, especialmente entre os jovens.
Como candidato a Prefeito em Belo Horizonte em 2020, após visitar diversas comunidades influenciadas pelo tráfico, observo a necessidade de uma atitude mais robusta por parte da Prefeitura para salvar nossos jovens. Acredito que o esporte pode ser uma arma fundamental nesse combate desigual contra o tráfico.
Em síntese, proponho uma vigorosa campanha antidrogas em Belo Horizonte, destacando de maneira incisiva as repercussões do consumo dessas substâncias. Além disso, defendo uma abordagem abrangente, especialmente nas comunidades, promovendo a integração e o acolhimento das crianças por meio de atividades esportivas.
Link para a matéria do NYT: https://www.nytimes.com/2024/01/31/briefing/san-francisco-addiction.html
Link para o “World Drug Report 2023: https://www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/world-drug-report-2023.html