Belo Horizonte ficou para trás na expansão de seu metrô em comparação com outras cidades do Brasil e do mundo. A diferença é gritante: enquanto em 1986 Xangai não tinha metrô e, em 2022, alcançou 831 km de linhas, Belo Horizonte avançou apenas para 28 km no mesmo período.
O erro da falta de engenharia
A crítica recorrente dos profissionais da engenharia é que Minas Gerais comete o erro de 50 anos atrás ao implantar metrô paralelamente a uma linha de cargas, resultando em obras mais baratas, mas com pouca atratividade para a população. Esse erro tem contribuído para transformar a mobilidade da cidade em um caos.
Para as linhas 1 e 2, não há mais como retroceder, mas futuras linhas devem seguir princípios sólidos de engenharia. A cidade tem sido comandada por pessoas sem conhecimento adequado em engenharia, resultando neste caos na mobilidade.
A CBTU
Em 2019, por exemplo, para uma tarifa praticada de R$ 2,16 a receita da CBTU foi de R$ 121 milhões tendo havido a necessidade de um subsídio de R$ 144 milhões do Tesouro Nacional, ou seja, neste ano a tarifa deveria ter sido de R$ 4,72 para que houvesse empate ente receitas e despesas. A empresa somente sobrevivia com o subsídio desta ordem de grandeza.
De onde vem os recursos para a ampliação do Metrô
O investimento total projetado é de aproximadamente R$ 3,7 bilhões ao longo dos 30 anos do contrato. Desse montante, R$ 2,8 bilhões serão aportados pelo Governo Federal, R$ 428 milhões pelo Governo de Minas Gerais e R$ 500 milhões pela empresa vencedora.
É importante destacar que R$ 1,2 bilhões dos valores aportados pelo Governo Federal vêm da indenização paga pela Ferrovia Centro-Atlântica S/A (FCA) à União, devido à devolução de trechos ferroviários antieconômicos e abandonados. De acordo com a justiça, esses recursos só poderiam ser utilizados em obras ferroviárias. Houve uma grande discussão sobre se esses recursos deveriam ser pulverizados ou concentrados, com a decisão final de utilizá-los de forma concentrada.
Melhorou ou piorou com a privatização?
Recentemente, utilizei o metrô de Belo Horizonte para me deslocar entre a Av. Contorno, em frente ao Hospital Felício Rocho, e o Expominas, onde participei do Congresso Mineiro de Municípios.
Atualmente, a tarifa está em R$ 5,30, um valor mais realista em comparação ao período em que era subsidiada. Com as estações em obras, vi muitos tapumes e placas provisórias. No entanto, notei melhorias significativas, como a bilhetagem automática diretamente pelo celular, eliminando a necessidade de comprar bilhetes separadamente. Além disso, agora há disponibilidade de Wi-Fi gratuito nas estações. Acompanhe o registro fotográfico a seguir.
Falta de divulgação e sinalização da Integração Metrô-Expominas
Fiz um trajeto curto entre as estações Carlos Prates e Gameleira, com um deslocamento rápido e disponibilidade de assentos na ida. Na volta, permaneci em pé.
Durante o congresso, observei que não havia outros participantes utilizando o metrô nos horários em que me desloquei. A passarela entre o metrô e o Expominas estava vazia, e a sinalização para o metrô era insuficiente e pouco clara.
Metrô de BH: concessionária propõe mudança no projeto da linha 2 no Barreiro
A concessionária do metrô propôs uma mudança no projeto da Linha 2, expandindo o serviço para a região do Barreiro com uma “linha singela” entre as duas últimas estações. Essa alteração visa harmonizar a operação com o pátio da MRS Logística na região. As obras estão previstas para começar em setembro, com operação esperada para o primeiro trimestre de 2028.
A proposta foi encaminhada para o governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Infraestrutura, Transportes e Mobilidade (Seinfra), e também para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Segundo materias jornalistícas, em nota, o governo do Estado disse que “avalia proposta conjunta apresentada pela Metrô BH e pela empresa MRS Logística S.A. para implementação da chamada “linha singela” entre as duas últimas estações da Linha 2 do metrô (Ferrugem/Barreiro), em processo de execução na capital mineira. É importante reforçar que esta análise não impacta a viabilidade da Linha 2, que ligará as regiões do Nova Suíça ao Barreiro. Também não há nenhuma redução de estações que serão construídas”.
Ainda segundo o Estado, “o termo “linha singela” é usado quando há apenas uma linha férrea ligando os pátios de cruzamento. Neste caso, os trens circulam nos dois sentidos. A prática não é incomum. A Linha 2 terá uma extensão total de 10,5 km, e o trecho em análise corresponde a aproximadamente 2 km do trajeto”.
A promessa do governo é que haverá uma avaliação independente do projeto para um parecer técnico sobre o tema. “É preciso frisar que os estudos irão considerar que não poderá haver qualquer impacto na prestação do serviço, devendo-se respeitar os níveis previstos em contrato. Também vale informar que, caso a proposta seja viabilizada, a concessionária não lucrará com a solução, e o Estado será desonerado em valor a ser definido”, diz em nota.
A Linha 2
As obras de construção da Linha 2 estão previstas para começar em setembro deste ano. Já a operação da linha deve ter início em quatro anos, no primeiro trimestre de 2028. Serão construídas sete novas estações:
- Barreiro;
- Ferrugem;
- Vista Alegre;
- Nova Cintra;
- Nova Gameleira;
- Amazonas;
- Nova Suíça.
Atualmente, o projeto está em fase de licenciamento ambiental. Só após a Secretaria de Estado de Meio Ambiente aprovar o traçado é que as obras podem começar. Pelo contrato, a concessionária tem até 2029 para colocar a linha 2 em funcionamento.
A Linha 2 do Metrô e o Anel Rodoviário
Aproveitando a proposta da concessionária, que tal incluir no contrato a demolição do viaduto por onde a linha 2 passará, que atualmente causa um estrangulamento no anel rodoviário na descida da Betânia, local de frequentes acidentes?
É necessário construir um novo viaduto que permita o tráfego em três faixas em cada sentido do anel rodoviário para melhorar a fluidez do trânsito e aumentar a segurança na região.
Assista ao vídeo e entenda nossa proposta para a Anel Rodoviário de Belo Horizonte
Rodrigo, não parece muito dinheiro para resolver talvez o principal gargalo do trânsito de BH. Trabalhei na Mannesman em 2012 e de lá pra cá são 12 anos e tudo continua igual. Na verdade, das principais capitais brasileiras, BH quase não renovou sua infra estrutura.
Para ficar realmente muito bom, deveríamos garantir 3 faixas de cada lado e 2 faixas de marginal em toda a extensão do anel.
Além dos já citados, um absurdo é o entroncamento do anel com Pedro II/Tancredo Neves, não faz sentido nenhum não os retornos que foram feitos ali.
Continua falando sobre isso, não vejo nenhum candidato a prefeitura de BH tocando nesse assunto.
Exatamente, temos que apontar as falhas e trabalhar para que estas obras se transformem em realidade.
Se a bancada de parlamentares mineira se unir e incluir no orçamento federal essa verba, que é insignificante em relação ao tamanho do orçamento, resolve.
Trabalhei em diversos estados brasileiros e vivenciei essa atitude por diversas nas bancadas do norte e nordeste.
Os deputados precisam agir de acordo com os interesses da coletividade e não de interesses próprios. Todos ganham com isto!
Só acrescentando , que além dos entraves de ordem política, um dos grandes problemas de implantação das linhas de metrô em BH é o terreno montanhosa, com diferencial entre cotas muito grande, fato que onera substancialmente as obras de engenharia , principalmente as estações. ( Passei anos de minha vida profissional tentando viabilizar a “ Metrobel ” e infelizmente nunca saiu do papel.
Estes problemas a engenharia resolve. Temos que resolver é a vontade política, que tem faltado.
Verdade!